Quatro países do norte da Europa estão dispostos em investir em parques eólicos offshore nos próximos anos. De acordo com a Reuters, Dinamarca, Holanda, Alemanha e Bélgica estão buscando discutir planos para criar uma rede elétrica comum sob o Mar do Norte. A ideia é conectar parques eólicos offshore e assim fortalecer a segurança energética da região através de um sistema submerso. Em reunião na última semana, representantes dos países europeus debateram o assunto. Na ocasião foram debatidos a estrutura que os cabos teriam sobre o mar, assim como novos parques eólicos offshore conectados a HUBs, ou então, ilhas de energia de modo que fossem interligados e capazes de abastecer vários mercados europeus em vez de apenas um. À agência, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, destacou em maio que quanto mais esforços renováveis forem feitos, mais independentes os países da Europa serão da Rússia em questão energética. "Todos nós sabemos que a geração de energia verde é ótima. Mas se você realmente quer usá-la, você precisa de uma rede e aí temos que intensificar ``, ressaltou ela. 150 GW de capacidade eólica são esperados até 2050 Em maio, um plano energético entre os quatro países foi anunciado também. A meta é produzir 150 GW de capacidade eólica offshore até 2050. Atualmente apenas 15 GW são produzidos. O crescimento, por fim, seria de 10 vezes mais o atual. Ainda em comunicado à Reuters, Chris Peeters, CEO da operadora de rede de transmissão belga Elia, destacou o quanto uma rede sobre o mar norte favorecerá a economia, assim como contribuirá para gerenciar a volatilidade da produção. Outro ponto comentado pelo especialista está nos benefícios que a ilha de energia trará à produção energética. Isso porque o mesmo permite que a energia eólica produzida permaneça offshore até que seja necessária. “Nós temos esta ilha, ela coleta o vento ao seu redor e depois o traz para a costa, ou o traz para outro hub que o traz para a costa no país que tem a demanda naquele momento” explicou ele à agência. Uma conexão entre duas ilhas de energia também já está sendo estudada pela empresa Dinamarquesa, Energinet. As mesmas ficam situadas nos mares Norte e Báltico, na Dinamarca. A conexão, por sua vez, aconteceria entre a Alemanha e Bélgica. Produção eólica offshore no BrasilAssim como na Europa, o Brasil também vem investindo em energia eólica offshore. Com o decreto Nº 10.946, o qual dispõe sobre a cessão de uso de espaços físicos e o aproveitamento dos recursos naturais no mar para a geração de energia elétrica a partir de empreendimentos offshore no Brasil, os empreendimentos voltados para a área estão crescendo no país.O Brasil hoje conta com 21,5 GW de energia através do vento, assim como 795 parques eólicos, mais de 9 mil geradores e 12 estados responsáveis por esse tipo de produção. Dados do Global Wind Energy Council (GWEC) reforçam que a indústria eólica global teve seu segundo melhor ano em 2021, com 94 GW de capacidade adicionada globalmente no ano passado. Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica (ABEEólica) explica que os dados apresentados mostram o quanto a eólica offshore é vista como uma das apostas fundamentais para aumentar a velocidade de adoção da eólica no mundo e no Brasil. “O alerta do GWEC é muito claro e a eólica offshore é vista como uma das apostas fundamentais para aumentar a velocidade de adoção da eólica, já que seus projetos costumam ser de grandes números e de alta eficiência. O Brasil, que tem um dos melhores ventos do mundo e já ocupa a sexta posição no Ranking Global de onshore, vai se destacar também no offshore, com um potencial impressionante e que passa facilmente dos 700 GWs de eólicas no mar. E, se adicionarmos a isso a importância que o hidrogênio terá para o setor energético num futuro não tão distante, nossas eólicas têm um caminho promissor e de muito, muito trabalho pela frente” finaliza ela.